Ouvi essa frase durante algum diálogo - não lembro mais se em algum podcast ou na TV - e me levou a algumas interpretações:
1. O estado de perfeição não é confortável;
2. Se existe a perfeição, sempre vamos querer ir além dela;
3. Não há perfeição e por isso ela não pode nos acomodar.
Eu, que não lavo o cabelo todos os dias, que não tenho paciência pra fazer unha em salão toda semana, que deixo escurecer a raiz do cabelo, só posto foto na academia duas vezes - que é quando tenho coragem de ir. Eu, que deixo para parabenizar meus amigos depois e esqueço. E aí, me envergonho por parabenizar com atraso, deixo pra mais tarde e esqueço novamente. Eu, que levo horas pra tomar banho depois de chegar em casa. Eu, que aos 28, ainda não sei fazer feijão. Eu, que não tenho uma letra bonita. Eu, que me sinto insegura ao fazer baliza. Eu, que já usei o cheque especial. Eu, que não sou produtiva os 365 dias na semana. Como é difícil não ser perfeita como eles. Fernando Pessoa, na pele de Álvaro de Campos já sofria desse mal. Somente ele era vil e errôneo em meio a tantos semideuses.
Não quero romantizar a imperfeição, mas não há perfeição que nos acomode. Eu nunca a conheci de perto, porque somos seres insatisfeitos, errantes e inacabados. Alcançando a perfeição, talvez estejamos prontos: para partir. E será o fim da linha.
Leiam: http://arquivopessoa.net/textos/2224
Escutem: https://www.youtube.com/watch?v=OCdh6BYIPUk